Liberdade
Nos cadernos da escola pública,
nas cores da bandeira da República,
na areia da praia.
Escrevo seu nome.
Em todas as páginas lidas da Constituição,
em todas as páginas sujas da corrupção,
na minha pele.
Escrevo seu nome.
Nas nuvens da abóbada celeste,
sobre o escudo das armas dos anjos do Leste,
na coroa dos reis.
Escrevo seu nome.
Na Floresta Amazônica, na Mata das Araucárias,
nas algemas escravocratas, nas almas solitárias,
no eco da minha infância.
Escrevo seu nome.
Sobre as paredes da senzala, no pão dos dias cinzentos, nas estações de metrô paulistanas.
Escrevo seu nome.
Em todas as minhas lágrimas,
no frio de Curitiba,
no lago da lua viva.
Escrevo seu nome.
Nos campos no horizonte,
nas asas dos pássaros, na minha fronte, e na ruína dos sonhos. Escrevo seu nome.
No trabalho árduo dos camponeses, no mar de barcos portugueses, Em cada sopro da madrugada. Escrevo seu nome.
No espelho português, no coração do indígena, na dor insuportável da gangrena, Sob a casca da fruta cortada.
Escrevo seu nome.
No dilúvio do fogo abençoado, no sorriso enfeitiçado, no trampolim da vida. Escrevo seu nome.
Sobre a ausência sem desejo, sobre a solidão nua, nos degraus da morte.
Escrevo seu nome.
E pelo poder de uma palavra, renasce a vida, limpando a ferida de toda prisão insípida.
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