Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
O níquel
LUIZ CARLOS SOUZA SANTOS

O Níquel
     Foi-se o tempo que muitos diziam aquele ditado antigo: ’’Tô sem um níquel no bolso’’. Eles nem sonhavam que por debaixo daqueles cacaueiros, havia um minério de grande valor econômico. Agora os jornais estampam: níquel, elemento metálico de número atômico 28, usado em ligas. A moeda, um simples objeto de nosso cotidiano é feita com esse metal. Perplexa, a população Itagibense dizia em som uníssono: o progresso vai voltar ao nosso município; desde a crise do cacau com a vassoura de bruxa não se via as pessoas comentando sobre tal fato, com tanto entusiasmo. Itagibá que vivia na sua grande maioria com seus cidadãos trabalhando na prefeitura e no comércio, via ali uma saída para aquela estagnação que assolava o município há mais de quinze anos.
     Carros de outros estados, pessoas com sotaques não familiares, homens com uniformes marrons, aos poucos aquela cidade pacata retomava novamente o ritmo da época do cacau. O comentário chegava aos quatros cantos da cidade: é trabalho para mais de mil homens. As ruas próximas ao setor de recursos humanos eram impenetráveis, com tantas pessoas em busca de emprego.
     A exploração começou. Milhares de homens foram contratados; a cidade e a região obtiveram momentos inesquecíveis; o progresso enfim, voltara a Itagibá. Doce quimera foi o que falavam os pessimistas. E realmente foi com o passar dos tempos. Aos poucos a cidade foi voltando ao seu ritmo normal; agora a pergunta que se faz é o que a região ganhou com o níquel? Muitos dizem que certamente essas moedinhas que o governo federal lançou é matéria-prima Itagibense. Não se sabe. O que sabemos é que Itagibá realmente mudou. Não com infra-estrutura, empreendimentos ou economicamente. O que se sabe é que quando olhamos em direção ao norte de nossa cidade não encontramos mais aquele monte que servia para darmos a previsão se iria chover ou não. O que realmente intriga a nós itagibenses é quando olhamos para o norte de nossa bela cidade, sentimo-nos sem norte. Homens vieram como gafanhotos e tiraram o que realmente nem sabíamos o que era. Alguns dizem que era uma coisa chamada níquel.

LUIZ CARLOS SOUZA SANTOS


Biografia:
-
Número de vezes que este texto foi lido: 52834


Outros títulos do mesmo autor

Contos A polícia e as mulheres LUIZ CARLOS SOUZA SANTOS
Contos O famigerado gato da delegacia LUIZ CARLOS SOUZA SANTOS
Contos Turíbulo LUIZ CARLOS SOUZA SANTOS
Contos Cálice LUIZ CARLOS SOUZA SANTOS
Contos Vida de recruta LUIZ CARLOS SOUZA SANTOS
Contos Amareuria LUIZ CARLOS SOUZA SANTOS
Crônicas A sabedoria popular LUIZ CARLOS SOUZA SANTOS

Páginas: Primeira Anterior

Publicações de número 31 até 37 de um total de 37.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Pertencer - ANDERSON CARMONA DOMINGUES DE OLIVEIRA 52805 Visitas
Nascer - ANDERSON CARMONA DOMINGUES DE OLIVEIRA 52805 Visitas
Selar - ANDERSON CARMONA DOMINGUES DE OLIVEIRA 52805 Visitas
Entreter - ANDERSON CARMONA DOMINGUES DE OLIVEIRA 52805 Visitas
Silenciaram - BRUNO ALVES DA SILVA 52805 Visitas
CANASTRA - Ivan de Oliveira Melo 52805 Visitas
IMAGINAÇÃO - Joel Lima da Fonseca 52805 Visitas
MITOLÓGICO - Ivan de Oliveira Melo 52805 Visitas
Prever - ANDERSON CARMONA DOMINGUES DE OLIVEIRA 52805 Visitas
GRAU MAIOR DA TERNURA - Alexsandre Soares de Lima 52805 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última