O Níquel
Foi-se o tempo que muitos diziam aquele ditado antigo: ’’Tô sem um níquel no bolso’’. Eles nem sonhavam que por debaixo daqueles cacaueiros, havia um minério de grande valor econômico. Agora os jornais estampam: níquel, elemento metálico de número atômico 28, usado em ligas. A moeda, um simples objeto de nosso cotidiano é feita com esse metal. Perplexa, a população Itagibense dizia em som uníssono: o progresso vai voltar ao nosso município; desde a crise do cacau com a vassoura de bruxa não se via as pessoas comentando sobre tal fato, com tanto entusiasmo. Itagibá que vivia na sua grande maioria com seus cidadãos trabalhando na prefeitura e no comércio, via ali uma saída para aquela estagnação que assolava o município há mais de quinze anos.
Carros de outros estados, pessoas com sotaques não familiares, homens com uniformes marrons, aos poucos aquela cidade pacata retomava novamente o ritmo da época do cacau. O comentário chegava aos quatros cantos da cidade: é trabalho para mais de mil homens. As ruas próximas ao setor de recursos humanos eram impenetráveis, com tantas pessoas em busca de emprego.
A exploração começou. Milhares de homens foram contratados; a cidade e a região obtiveram momentos inesquecíveis; o progresso enfim, voltara a Itagibá. Doce quimera foi o que falavam os pessimistas. E realmente foi com o passar dos tempos. Aos poucos a cidade foi voltando ao seu ritmo normal; agora a pergunta que se faz é o que a região ganhou com o níquel? Muitos dizem que certamente essas moedinhas que o governo federal lançou é matéria-prima Itagibense. Não se sabe. O que sabemos é que Itagibá realmente mudou. Não com infra-estrutura, empreendimentos ou economicamente. O que se sabe é que quando olhamos em direção ao norte de nossa cidade não encontramos mais aquele monte que servia para darmos a previsão se iria chover ou não. O que realmente intriga a nós itagibenses é quando olhamos para o norte de nossa bela cidade, sentimo-nos sem norte. Homens vieram como gafanhotos e tiraram o que realmente nem sabíamos o que era. Alguns dizem que era uma coisa chamada níquel.
LUIZ CARLOS SOUZA SANTOS
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