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AMÂNCIO ERA MANSO, MAS NEM TANTO...
Britinho

Amâncio era um cara muito na dele, não tinha maldade nem inimizades. Era um cara muito bacana!
               Certo dia, andando pela rua, um homem o esbarrou, sua pasta caiu, se abriu e voaram todos seus documentos. O mas incrível é que numa situação dessas, ele ainda se desculpava, achando que estava errado.
               Os amigos faziam-no de gato e sapato. Aprontavam com ele; pediam dinheiro e não lhe pagavam, pegavam seu carro emprestado e custavam a devolver, quando não o amassavam. Até sua mulher o povo elogiava muito. E, Amâncio ainda achava legal fazer favor para os outros sem ter retorno algum. E quanto a sua esposa, ele falava aos amigos:
               - Eu não fico chateado quando elogiam minha esposa dizendo que ela é bonita. Pior seria se dissessem que ela é feia.
                 Só que havia um boato maldoso, onde falavam que Amâncio apanhava da esposa. Era um cara muito forte, bastante atlético, e vira e meche aparecia com algumas lesões. Ele alegava ser do futebol. Mas o pessoal não queria saber e o chateavam muito dizendo:
               - O Amâncio apanha de mulher, quem apanha de mulher é mariquinha!
                 E claro que ele não gostava de escutar aquilo, mas tinha muita classe, e fingia não ouvir. Mas pensava: esses caras não vão me tirar do sério.
                 Amâncio amava muito sua esposa e era muito atencioso em casa. Tudo que ela pedia, ele prontamente atendia. Era o marido ideal, e amigo também. Pena que, por ser muito legal, muitos abusavam de sua boa vontade.
               - Estou me cansando dessa vida de ser bonzinho, todos me passam para trás. – desabafou Amâncio com um amigo chamado Clarisbadeu..
               - Meu camarada! Você tem de parar de ser fornecedor, e ser consumidor. – disse o amigo.
               - Não entendi, como assim?
               - Eu quero dizer que você fornece tudo, seus amigos te pedem tudo e te passam para trás. Até sua mulher você está fornecendo, Amâncio!
               - O que! Que história é essa da minha esposa? Você está maluco? – disse ele muito aborrecido.
               - Meu amigo, se liga! Vai consumir outras mulheres também. – falou Clarisbadeu.
                 Amâncio foi pra casa desapontado, ele nunca pensara que pudesse acontecer aquilo. Não tirava aquelas palavras da cabeça.
                 Passou a observar melhor sua esposa e a percorrer todos seus passos. Até que descobriu a verdade.
                 Estava sendo traído, e com um de seus amigos. Era o Ricardão, aquele que mais o gozava, falando que ele apanhava da esposa.
               - É por isso que ele sabe de tudo. Ela é quem comenta com ele que me bate. E o pior é que o safado fica espalhando pra todo mundo. – disse ele
                 Amâncio manteve a calma costumeira, esperou à hora certa. Quando encontrou com os amigos, o traidor estava no meio. E como de costume veio difamá-lo:
               - Está chegando o Maricão que apanha da mulher. – e todos riam.
                 Amâncio engoliu a seco, e falou com toda calma que lhe éra peculiar:
               - Eu preciso confessar uma coisa pra vocês. Ela às vezes me dá uns catiripapos sim!
                 Aí, teve gente até caindo no chão de tanto rir, e o traíra só dizia:
               - Não falei! Não falei!
                 Amâncio foi chegando mais perto do falastrão, falando cada vez mais baixo e disse:
               - Eu não só apanho da minha esposa, como fui muito judiado e traído.
                 O pessoal ria cada vez mais e o humilhavam com palavras:
               - Ricardão, cuidado que ele vai te beijar, hein!
               - Eu ainda não terminei. Como eu ia dizendo, ela me traiu com um de vocês e ainda me bate muito. Mas se eu fizer com ela o que vou fazer com vocês, ela não iria agüentar.
                 Ficou um silêncio sepulcral, todos olhando entre si. Foi quando Ricardão falou:
               - Sujou! Aiiii...Socorro!
                 Ricardão levou uma surra tão grande, que esta internado no hospital, por sinal, seus amigos ainda não foram lhe visitar porque estão todos sumidos. Desapareceram!

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