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A Salvação
Beatriz de Santana Almeida

Resumo:
Lucy tem uma grande história para nos contar. A qual carrega consigo desde criança. O que pode ter acontecido a Lucy?

Sou Lucy, tenho 34 anos, sou de descendência japonesa, mas na verdade, não era para eu estar aqui contando essa história para vocês depois do que aconteceu comigo quando tinha apenas cinco anos.
Meus pais se casaram quando minha mãe engravidou de mim, eles se amavam muito, e resolveram morar uma casa de campo pacata. Quando completei quatro anos, uma lenda sobre cachorros gigantes, perigosos e comedores de gente começou a correr pela vizinhança, mas acreditávamos não passar de boatos, já que não havia morte alguma ou pegadas de tais animais.
Apesar de ser pequena, minha mãe me deixava andar fora de casa, colhendo frutos e cavando a terra, gostava dessa liberdade, por conta do lugar, eu tinha um contato com a natureza que muitas crianças não tiveram chance. Passou-se um ano sem nenhuma novidade. Os cachorros comedores de gente nunca aparecem na minha região, mesmo que escutássemos sobre a morte inesperada e sangrenta de algumas famílias nas cidades vizinhas.
Eu estava bem ansiosa para o meu aniversário de cinco anos, papai sempre me perguntava o que eu queria ganhar dois meses antes, e dizia que se eu fosse uma boa garota ganharia no dia do meu aniversário, não que eu fosse muito travessa, era apenas uma brincadeira para estimular bons modos em uma criança. Se eu soubesse que seria o último aniversário com meus pais, teria pedido para que eles ficassem para sempre do meu lado. E vocês vão saber agora por que.
Acordei-me muito alegre, sabia o que me esperava, era de manhã e eu estava usando um blusão de dormir rosa bem claro, com bolinhas brancas que uma vizinha tinha me dado e eu amava. Corri para o quarto dos meus pais, mas, onde eles estavam? Era muito cedo, geralmente eu os acordava em dias assim. Corri pela casa. Encontrei meu pai na cozinha, caído, sangrando, estava morto e muito ferido! Morte bem feia. Comecei a chorar. Como isso poderia estar acontecendo? Eu era pequena, mas sabia que algo perigoso estava acontecendo. Cadê a mamãe? Morta também? Escutei um grito na parte de cima era um grito assim: “CADÊ MINHA FILHA?” Corri. Mamãe estava lá, e estava muito preocupada comigo. Quando cheguei era tarde demais. No desespero para me salvar, mamãe se entregou para o monstro, sim o cachorro gigante comedor de gente e perigoso que matava famílias inteiras nas cidades vizinhas, eram reais e estavam matando minha família. Mamãe estava no chão. O cachorro era realmente grande, ele tinha uma serra elétrica nas patas dianteiras, parecia humano, usava um macacão azul e um boné da mesma cor. Pelos marrons, dentes assustadores, rasgou minha mãe quase no meio, ela me viu na porta e disse: “Corr...” e morreu. Eu estava chorando, mas sabia que aquilo era um “corre” corri para o banheiro e tentei me tranquei, estava chorando muito, mas não adiantou o cachorro com sua serra elétrica cortou a porta e veio atrás de mim, um petisco para ele.
Gritei, gritei com todas as minhas forças, estava sozinha, mas tinha medo de morrer, ainda mais de morrer de serra elétrica. O cachorro parecia conhecer meu desespero. Foi chegando perto, devagar, e eu sentava no chão do banheiro, mais no canto que eu podia, e ele veio e eu chorando até que BAM, uma pancada na cabeça da criatura. Era aquela vizinha que havia me dado o blusão de dormir. Ela pegou a serra elétrica e matou o cachorro, pois a pancada na cabeça só o fez ficar desacordado. Cortou o cachorro em várias partes, espirrou sangue por todo lado, e meu blusão rosa claro ficou todo vermelho. Depois ela me pegou no colo e disse “Tudo bem agora, eu vou cuidar de você, pois agora você só tem a mim e eu só tenho a você. Perdi o que mais tinha valor para mim, meu marido e você o seus pais, mas viveremos juntas, em outro lugar, em plena harmonia”.
Eu só chorava e falava “papai, mamãe, voltem”, mas com o tempo eu entendi, eles não voltariam e a minha vizinha se tornou a minha família. Devo tudo a ela, me educou, me ensinou tudo o que meus pais não puderam me ensinar, me amou e eu a amo demais. Hoje ela tem 63 anos e eu cuido dela, com o que ela precisar. Tenho dois filhos, sou casada com um homem que me ama e moro em um apartamento, na cobertura.


Biografia:
Beatriz de Santana Almeida estuda na Universidade Católica de Santos no curso de Tradução e Interpretação. Adora ler desde os 6 anos de idade porque lhe tira da realidade.
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