E bebi o suor da madrugada, como se nunca antes o houvera feito. As ruas vagas, as casas velhas se constrangiam da solidão, a noite larga vencia espaços e horizontes, criando abraços de céus e terras, astros e frutos. Em cada esquina eu encontrava novos abismos e te chamava e me perdia. “Ausente” – respondiam os ecos de conhecidas vozes, agora mudas.
E desse pesadelo eu me transportei para um outro sonho, não obedecendo à minha vontade, mas a superiores desígnios desconhecidos. Habitava eu, essas paisagens que nos chegam junto a mensagens de bom-dia, boa-noite, feliz aniversário. Eventuais hipocrisias que nos endereçam por delicadeza, mas que nem sempre retratam sentimentos verdadeiros. Mas, apesar de qualquer senão, essas manifestações não são desprezíveis, temos que aceitá-las.
Mas, as manhãs sempre chegam e, com elas, somos agredidos com a realidade. Esta, nem sempre, nos traz felicidade, porém nos assegura que estamos vivos para gozar ou sofrer – conforme a determinação divina.
Ao acordar ficamos surpreendidos com o movimento daqueles que seguem para os seus trabalhos, partimos então para o escândalo da vida.
Rio,12/01/2019
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Biografia: Nasci em Itaqui, no Rio Grande do Sul e resido no Rio de Janeiro desde o final de 1958. Nunca publiquei nada do que escrevo, por que sempre o fiz para consumo próprio e, principalmente, por falta de talento. Agora, acho que perdi a vergonha. Gostaria imensamente de receber as críticas dos meus eventuais leitores peoo e.mail anibalbonorino@superig.com.br. |